PAULO LEME
Há 25 anos, em 5 de junho, a sonda espacial Voyager 2 aproximou-se o suficiente de Netuno (117 milhões km) e passou a monitorar regularmente as atividades na atmosfera do planeta. Essa fase de observação foi significativa porque marcou o início da última escala planetária da Voyager 2 após uma viagem de doze anos através do sistema solar exterior.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWmFMrPjj1z7nnVkt5kLkckeWY6HfPO2TNVArStYlaaJEsdYg6wMhg09fJGXWVFJgHaS1j8mV8UeJSOfIhFwf8pDxVmWjlOZAZqFqUJib3ZCdNJJGIckMI316hJKasP7_wdEIhjisez9X/s1600/Neptune++Voyager+2014_Week_23+Image+credit+NASA++JPL.jpg)
Conforme se aproximava de Netuno, a Voyager 2 enviava
imagens de resolução cada vez maiores da Grande Mancha Escura e de uma
estrutura esbranquiçada menor conhecida como Scooter, mostradas aqui a apenas 7
milhões km de distância. Até hoje não se conhece a natureza desses padrões. Há
uma hipótese de que a mancha negra seja um “buraco”, uma descontinuidade nas camadas
externas do planeta.
Lançadas há 37 anos, em 1977, a Voyager 2 visitou Júpiter em
1979, Saturno em 1981 e Urano em 1986. O objetivo original da missão das naves
espaciais gêmeas Voyager 1 e Voyager 2 era a exploração dos planetas Júpiter e
Saturno. Após realizar uma série de descobertas a missão foi estendida, tirando
proveito dos planetas exteriores Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estarem alinhados
no mesmo lado do Sol, fato que ocorre a cada 176 anos. A Voyager 2 continuou para explorar Urano e
Netuno e, até hoje, é a única espaçonave a ter visitado estes planetas.
A Voyager 2 poderia ter prosseguido sua viagem em direção a
Plutão mas foi decidido um desvio de sua rota para que fizesse uma passagem (“flyby”)
pela vizinhança da lua de Saturno, Tritão, pois teria melhor valor científico com
resultados mais imediatos.
Por duas vezes a nave teve problemas de sobrecarga com seu
computador de bordo e teve que reiniciá-lo enquanto ela encerrava toda
comunicação com a Terra por mais de uma hora. Nesse processo, seus sensores
tiveram que buscar uma reorientação localizando o Sol e restabelecendo então a
comunicação com o controle da NASA. Tenha-se em mente a complexidade desse
procedimento uma vez que, devido à enorme distância, os sinais de rádio levam
horas para a comunicação em ambos os sentidos. Além disso, para garantir a
segurança todos os sistemas lógicos são redundantes evitando-se assim perda de
informações devido a mal funcionamento de alguma parte do todo.
A Voyager 1 realizou uma série de novas descobertas sobre
Júpiter inclusive seus anéis, observou a natureza da sua grande mancha vermelha
como um enorme furacão movendo-se no sentido anti-horário e uma formação de
tempestades e turbilhões de nuvens movimentando-se em faixas em sentido contrário.
Descobriu também diversos satélites menores.
Mas a descoberta de atividade vulcânica na lua Io foi o maior achado inesperado da missão. Pela primeira vez um vulcão ativo foi observado em um corpo celeste que não
seja a Terra. Juntas, as
Voyagers registraram a erupção de nove vulcões em Io.
Fotos de alta resolução da lua Europa de Júpiter, tomadas pela Voyager 2, deixaram os cientistas intrigados pela falta quase total de relevo
topográfico. Esse fato é indicativo de que essas rachaduras podem ser
semelhantes a blocos de gelo na terra, e que Europa tem um interior de água
líquida. A lua pode ser internamente ativa devido ao aquecimento pelo fenômeno
de marés e, em consequência, tem uma crosta com cerda de 30 km espessura de
gelo de água, possivelmente flutuando em um oceano com 50 km de profundidade.
As longas vidas das Voyagers devem-se principalmente às suas
fontes de energia. São geradores que utilizam o radioisótopo plutônio-238 como
fonte de calor que é convertido em eletricidade por meio de pares termoelétricos.
Estima-se que os geradores deverão durar ao menos até o ano de 2020.
Em agosto de 2012, a Voyager 1 fez a entrada histórica no
espaço interestelar, que contém material ejetado pela morte de estrelas
próximas há milhões de anos. Os cientistas esperam aprender mais sobre esta
região, quando a Voyager 2, adentrar a "heliosheath" (bainha solar).
Esta é a região mais externa, depois da heliosfera, onde o vento solar é
desacelerado pela pressão do meio interestelar formado por hélio e hidrogênio
que permeia nossa galáxia.
Atualmente as Voyagers 1 e 2 estão respectivamente a 127 e
104 UA (Unidades Astronômica – distância da Terra ao Sol) e seus sinais de
rádio demoram 17 e 14 horas para chegar até a nós.
Ambas as naves espaciais continuam enviando informações
científicas em seu percurso. Existem atualmente cinco equipes de investigação científica
participando na missão interestelar nos tópicos: campo magnético, partículas carregadas
de baixa energia, raios cósmicos, plasma (Voyager 2 somente) e ondas de plasma.
Referências
Astronomy Cast –
Podcasts semanais sobre astronomia publicados por Fraser Cain (Universe Today)
and Dr. Pamela L. Gay (Southern Illinois University) - www.astronomycast.com
Wikipedia, the Free Encyclopedia
– Temas: Voyager 1, Voyager 2, Exploration of Jupiter, Space Probe, Heliosphere
-
http://en.wikipedia.org
Jet Propulsion
Laboratory - Voyager, the
Insterstallar Mission - http://voyager.jpl.nasa.gov
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