Uma maneira de dar
significado ao conhecimento é fazer com que o estudante tenha
interação com aquilo que é produzido na acadêmia (centros de
pesquisa, universidades, por exemplo).
Temos por exemplo o
termo: Buraco Negro. No dia-dia, não temos a oportunidade de
verificar sua existência, tão quanto buscar referências no
cotidiano que nos remetam a tal objeto. É claro que para os astronômos um buraco
negro tem diversos aspectos relevantes, embora intangíveis em contato direto, como
densidade infinitamente grande, com volume restrito e consequentemente uma massa muito
grande que resultaria em uma atração gravitacional tão intensa, que
sequer a luz poderia escapar do seu campo de ação, daí o nome
deste objeto.
Mas podemos, buscar meios
de nos aproximar do conhecimento de maneira mais efetiva, para tanto
devemos nos valer da Transposição Didática, que nos permite tratar
de um conhecimento gerado na acadêmia e que deve ser transposto para
o ensino, sem perder suas características, mas sem a preocupação
de ser estritamente rigoroso quanto ao seu tratamento matemático,
seu tratamento teórico. Assim, podemos transformá-lo
em um conhecimento aproveitável no ensino de ciências e com
significado para os estudantes.
Na proposta a seguir,
buscamos apresentar o conhecimento relativo ao crateramento lunuar,
que pode ser aplicado a diversos corpos celestes e que é um
tratamento empírico das crateras lunares. Uma vez que não podemos
ir até lá para realizar a medida, utilizamos imagens para
indiretamente sabermos o seu tamanho.
Objetivos: Levar
o estudante a obter conhecimentos julgados importantes sobre o
satélite natural da Terra, a descobrir que sua superfície possui
similaridades com a da Terra, ter noções das dimensões das
crateras lunares de uma maneira empírica indireta, interagir com
softwares educacionais de uso em astronomia básica.
Inicialmente tratamos de
comparar Terra e Lua, como se pudéssemos caminhar sobre a Lua, assim
como fazemos no nosso planeta.
Comparamos a Selenografia
com a Geografia, identificando similaridades até mesmo no estudo.
Selenografia:
- Cratera: Depressão circular.
- Fossa: Longa, rasa e estreita depressão.
- Lacus: Pequena planície.
- Mare: Grande planície.
- Monte: Monte ou montanha.
- Oceanus:Extensa área escura.
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Uma imagem da Lua com legendas. Fonte no roteiro indicado no fim da postagem |
Os mares, são indicados
por seus nomes em Latim.
As crateras são
indicadas pelos nomes de astronômos importantes, cientistas e
exploradores.
O Software: DS9 (Deep Space Nine).
O DS9 é um software
desenvolvido para o tratamento de imagens astronômicas
principalmente no formato FITS (Flexible Image Transport System) que
é uma imagem repleta de informações dispostas em um cabeçalho,
que traz informações importantes sobre o instrumento que foi
utilizado na sua captura, localização em latitude e longitude do
equipamento, tempo de exposição, ccd (Charded-coupled Device -
Dispositivo de carga acoplada) utilizado, entre outras.
Encontramos o programa para download em: http://ds9.si.edu/site/Home.html
Caso você seja um
usuário Linux, você poderá encontrar um pacote do aplicativo (tipo
educativo) onde será de simples instalação, devido a ser um
repositório do Linux (isto é, ele já utiliza partes de outros
programas instalados e sua instalação é facilitada sem necessidade
de procurar o programa no site da empresa que o criou). Inclusive
podemos contar com o programa em português nesta instalação via
Linux.
(um professor pode auxiliar na instalação)
Utilizando o software:
Uma vez instalado,
abrimos o programa.
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Localizando o programa DS9 no menu do Linux Mint |
Em seguida, escolhemos a imagem a ser utilizada: arquivo >> abrir >> escolha o local das imagens .fts
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Abrindo um arquivo .fts |
Para definirmos melhor a
borda a cratera, utilizamos a ferramenta escala para dar o contraste
das áreas de sombra com as iluminadas.
Ferramenta escala >>
parâmetros de escala
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Dando contraste para as bordas da cratera, compare com a imagem acima. |
Movendo as barras
(vermelha e verde), mudamos a distribuição de pixels para uma faixa
adequada (a que melhor contraste nos fornece).
Daqui em diante, com as
bordas da cratera bem definidas pode-se efetuar a medidas de seu
diâmetro. Escolhemos um método e depois de efetuadas as medições
será gerada uma tabela (você pode criar seu próprio método, mas
lembre-se de ser rigoroso do início ao fim, certo?).
Usando as ferramentas
região >> formato >> ponto >> "X" você
irá definir um ponto que será aproximadamente o centro da cratera
que será marcada com um "X".
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Marcando o centro da cratera. |
Caso a marcação do
ponto central não corresponder a melhor aproximação do centro da
cratera, você poderá editá-la com um duplo clique e mudar suas
coordenadas.
Utilizando a ferramenta
régua passaremos a media as bordas da cratera. região >>
formato >> régua
![]() |
Ferramenta régua no DS9. |
Clique em uma borda da
cratera e arraste a linha criada pela régua de maneira que a mesma
passe pelo centro marcado na cratera e solte quando atingir a outra
borda da cratera.
Sobre a diagonal desenhada pela ferramenta, haverá a informação sobre o seu comprimento em pixels.
![]() |
Medindo com a ferramenta régua - no canto superior direito a informação com a medida em pixels. |
Com um número razoável de medidas, crie uma
tabela onde você vai obter com alguns cálculos a média com os
valores medidos para o diâmetro da cratera. Podemos contar com um
desvio padrão, para as medidas (utilize as fórmulas do excel ou do
libreoffice calc para obter a média e o desvio padrão).
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Tabela com dados brutos das crateras lunares Agrippa, Triesnecker & Autolycus |
A equipe dos
observatórios virtuais, efetuou as medidas para a equivalência de
cada pixel em unidades de arcos de segundo (arcsec) cada pixel vale
0,1”
Outra medida importante é
fornecida é o raio da Lua 1738,1 Km e 932,1”
Os cálculos podem ser realizados da seguinte forma:
Dpixels=
Diâmetro em pixels
Dpixels*0,1arcsec
= Diâmetro em arcsec = Darcsec
Para a cratera Agrippa
temos:
Darcsec=
22,4371 arcsec
Raio da Lua = 932,1
arcsec (1738,1 Km)
Por regra de três
simples temos:
X = [(1738,1*22,4371) /
932,1]
X = 41,8388 Km
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Tabela com a relação da equivalência para 1 pixel em relação ao tamanho de 0,1 arcsec para a conversão em quilomêtros e os tamanhos aproximados de cada cratera nas medições realizadas. |
Publicado por: Michel
Pereira Campos Silva
Roteiro adaptado de: SHIDA, R. Y; SCARANO JR, S. Medindo as dimensões de crateras lunares.
Link da imagem: https://drive.google.com/file/d/0BxRBrDLQkGDoeEVvVVN0eTdYYTQ/edit?usp=sharing
Elaborado no linux Mint, versão 15 Olivia.
Telas capturadas com o GIMP 2.8
Tabelas elaboradas no Libreoffice Calc.
Oi Michel. Muito legal o teu post: bem claro e muito interessante pra quem quiser trabalhar com esta atividade.
ResponderExcluirOi Michel, essa atividade é ótima mesmo ! Muito simples e que pode ser facilmente trabalhada em sala de aula. Faltou incluir a informação de onde está a imagem. Que tal disponibilizar um link com a imagem em FITS ?
ResponderExcluirOutra possibilidade é usar o telescópio nas escolas que foi bem explicado pela Kizzy no post dela. Um link para o post dela também cairia bem, não é ?
Ótimo trabalho !
Olá Lys.
ExcluirJá coloquei o link para a imagem.
Obrigado pelas colocações, abs.