Publicada pela NASA (http://apod.nasa.gov/apod/astropix.html),
esta imagem foi produzida por Rogelio Bernal
Andreo. Segundo a NASA paciência, caminhada e uma máquina fotográfica são
necessárias para se obter uma imagem como esta... É mister paciência na busca do
lugar e do momento adequados. Uma pequena caminhada foi necessária para alcançar
este lugar acima de uma enseada isolada em Julia
Pfeiffer Burns, Parque Estadual da Califórnia, EUA.
E, finalmente, foi preciso uma câmera fotográfica em longa exposição para captar
a luz suave das estrelas e nebulosas na Via Láctea. Normalmente obscurecida McWay Falls
(Cachoeira McWay, com pouco mais que 24 metros de queda) é visível logo abaixo
do centro da imagem, enquanto o Oceano Pacífico pode ser visto à sua direita.
domingo, 29 de junho de 2014
sábado, 28 de junho de 2014
Primeiros vislumbres da gravitação
O
texto seguinte é um excerto do livro de Jean Pierre VERDET, Uma História da Astronomia,
página 144, 1991, Jorge Zahar Editora Ltda. Tal excerto tenta nos dar uma ideia
das impressões e pensamentos de Isaac Newton a respeito daquela Lei que viria a
ser conhecida como Lei da Atração
Gravitacional.
Primeiros vislumbres da
gravitação
É
nessa época que se situa o episódio da maçã. A anedota, embora haja sido
contada pelo próprio Newton, é muitas vezes tida por lendária pelos pedagogos,
que preferem nem tocar no caso. Lendária ou real, é no entanto exemplar, não
que se deduz daí que basta sonhar ao luar, debaixo de uma macieira, para
descobrir uma lei tão fundamental como a da gravitação universal – e sim porque
ela nos revela o núcleo irredutível, espantoso em sua simplicidade, dessa
descoberta: colocar uma questão de tal modo elementar, como “Por que a lua não
cai como essa maçã?” e entrever a resposta paradoxal e genial: “A cada instante
a lua cai na direção da Terra” e a órbita da lua ao redor da Terra é apenas o
compromisso entre essa queda constante e a tendência – o conatus de movimento
- de correr em linha reta no universo. Colocar isso em forma e daí extrair os
Principia é inteiramente outra questão... que o ocupará durante vinte anos, mas
é evidente que, de estalo, Newton se fez a pergunta fundamental: a queda dos
corpos, cujas leis nos foram dadas por Galileu, e a revolução da lua ao redor
da Terra, segundo as regras empíricas de Kepler, obedecem por acaso à mesma lei
física?
Persuadido
de que as coisas se passavam bem assim, Newton supôs que, já que a lua está
sessenta vezes mais distante do centro da Terra do que a maçã, por uma relação
inversa do quadrado ela devia ter uma aceleração de queda livre 3600 vezes mais
fraca que a maçã. Como evidentemente ela não caia, era preciso supor que sua
aceleração centrífuga compensava a do peso. Questão cuja resposta passava pelo
cálculo efetivo da força centrífuga no caso do sistema Terra-Lua. Nessa época,
em 1667 ou 1668, Newton não tinha condições de chegar a uma conclusão. Diz-se,
com frequência, que essa incapacidade provisória estaria ligada à imprecisão de
um dos dados numéricos: o valor do raio da Terra. Entretanto, a essa
dificuldade deveria somar-se outra, anulatória, que Newton não podia resolver
na época: mostrar que a lua e a Terra podiam ser consideradas como dois objetos
pontuais afetados pelas massas respectivas dos dois astros. Por outro lado, em
1671, o abade Jean Picard daria um valor aproximado para esse raio e seus
trabalhos seriam apresentados e discutidos na Royal Society no ano seguinte. Ora,
seria necessário esperar até 1684 para que Newton retomasse seus trabalhos
sobre a gravitação. De qualquer modo, em 1668 Newton se absteve de concluir e
guardou zelosamente o segredo de suas primeiras reflexões sobre a gravitação;
pagará, por isso, mais tarde com novas contendas, dessa vez com Robert Hooke.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Experimento: Luneta de Galileu e observação da Lua
Por Michel Silva e Fabio Bozolan
1º)
Objetivo. A intenção deste
experimento é, não só apresentar o telescópio refrator usado por Galileu
Galilei (cuja montagem aqui descrita foi inspirada nas propostas do Profº João B.G. Canalle e uma versão mais recente da Profª Jane Gregório-Hetem) mas, especialmente levar os alunos a operá-lo, buscando respostas para
uma questão qualitativa (etapa 4.06 do procedimento) e para outra questão
quantitativa (etapas 4.07 a 4.11 do procedimento);
2º) Material. Os componentes a seguir
descritos são facilmente encontrados em lojas de material de construção. Uma
ação possível é obter o orçamento de tais componentes em uma loja e minimizar
ainda mais o custo comprando-os “por atacado”. Além da minimização do custo,
pelo fato dos componentes terem sido levados pelo professor, não haverá a
possibilidade de algum grupo de alunos ficar sem um item ou outro. Ei-los:
2.01) luva simples de esgoto (cor
branca) de 2 polegadas;
2.02) uma lente incolor de óculos com vergência V
= + 2 di (vulgarmente: dois “graus positivos”)
2.03) um disco de cartolina preta (ou papel
camurça preto) de 50 mm de diâmetro com furo interno de 20 mm de diâmetro;
2.04) um tubo de esgoto (cor branca) com
comprimento 30 cm e secção 2 polegadas;
2.05) um tubo de esgoto de 1,5 polegadas (cor
branca) com comprimento 30 cm
2.06) um monóculo de fotografia para retirarmos
a lente
2.07) um plug branco de esgoto de 2 polegadas;
2.08) uma lata de tinta spray com “preto fosco”;
2.09) fita adesiva com feltro do tipo “veda porta”
2.10) um tubo de
esgoto (cor branca) com diâmetro 1,5 polegadas e comprimento 10 cm
2.11) Frasco com bico
conta gotas.
2.12) Garrafa PET,
parafusos com cabeça de fenda de bitola 5 mm e comprimento de 20 mm, porcas com
asa borboleta, arruelas e duas cantoneiras de 2 polegadas com furos.
2.13) Tesoura, régua,
serra, chave de fenda e lixa.
2.14) Furadeira e
broca de 4 mm.
3º)
Construção. O fato dos próprios
alunos poderem montar seu dispositivo experimental proporciona duas vantagens a
eles, a saber, por um lado o próprio ato de montar é um processo lúdico e por
outro permite que o alunado vislumbre outro aspecto pouquíssimo percebido num
ambiente escolar: a própria demanda de energia em torno da preparação de
um experimento. Destacados esses dois itens, eis as etapas da construção:
3.01) corpo
do telescópio: cole um anel da fita (2.09) no exterior de uma das pontas do
tubo (2.06) e no interior de uma das pontas do tubo (2.04)
3.03)
corpo do telescópio: encaixe o tubo (2.04)
no tubo (2.06): o interno deve deslizar dentro do externo sem frouxidão,
observe que o tubo de menor diâmetro deve ser colocado através do tubo de maior
diâmetro de modo que as pontas com feltro fiquem posicionadas de maneira
oposta.
3.04)
lente objetiva do telescópio: insira
o disco (2.03) e depois a lente (2.02) na luva (2.01);
3.05)
lente objetiva do telescópio: insira
o tubo (2.04) na luva (2.01), de forma a fixar a lente e o disco;
3.06)
lente objetiva do telescópio: use o
plugue (2.07) para fechar a lente objetiva e protegê-la;
3.07)
lente ocular do telescópio: Serre a
tampa do frasco conta gotas (2.11), utilizando a serra em seguida destaque a
lente do monóculo (2.06) e encaixe na parte interna da da tampa (cuidado para
não serrar muito a tampa, pois ela dará suporte a lente ocular) com a face
convexa para fora.
Corte o frasco no fundo e recorte uma aba e
dobre-a para fora para encaixar no tubo (2.06); Depois rosquei-e a tampa.
3.08)
Coloque
o conjunto acima, na extremidade oposta ao conjunto da objetiva.
3.09)
Em seguida monte o suporte para a luneta, furando o tubo (2.10) aproximadamente
no centro, na posição imediatamente oposta serre o tubo na longitudinal. Após
com o auxílio de um colega abra o tubo com cuidado para não quebrá-lo, passe um
parafuso pelo furo de dentro para fora, e fixe com a porca borboleta.
3.10) Logo após coloque a luneta no suporte e com
a garrafa cheia d’água, fixe sua luneta.
3.11) Pinte
sua luneta, protegendo as lentes. Assim você evitará que a luz entre pelas
paredes do tubo
4º)
Roteiro experimental:
4.01) Aviso IMPORTANTÍSSIMO
aos alunos: NÃO olhar para o Sol através da
luneta (olhar para o sol danificaria a retina !!!);
4.02) Numa noite
de Lua Crescente aponte seu telescópio para a superfície lunar;
4.03) Ajuste a
distância entre a lente ocular e lente objetiva até observar a imagem mais
nítida possível da Lua;
4.04) Preste
atenção no “terminador”: a
linha divisória sobre a superfície lunar entre as regiões iluminada e escura da
superfície.
4.05) Faça, numa
sulfite branca, um esboço à lápis da imagem que você enxerga ao redor do terminador. Reproduza no papel a região
na superfície lunar que corresponde a cerca de 10% do raio lunar ao redor do
terminador tendo-o como linha central; destaque em tal
esboço as áreas escuras (com linhas hachuradas, por exemplo). Lembre-se:
Galileu Galilei viveu muitos anos antes de câmera fotográfica!!!
4.06)
Responda a seguinte questão: a partir de sua observação através da Lua, é
possível afirmar que sua superfície é perfeitamente lisa?
4.07) Reproduza
sobre um papel vegetal o esboço feito por você no item 4.05 (não esqueça de
registrar também no papel vegetal as regiões escuras por você anotadas no
esboço original)
4.08) Coloque sob
o papel vegetal uma folha de papel milimetrado;
4.09) A partir do
papel milimetrado sob o papel vegetal, faça uma estimativa, em milímetros, da
região escura da Lua em sua observação;
4.10) Transforme
o resultado anterior em porcentagem (isto é, responda: qual a porcentagem escura
da superfície lunar observada por você?).
4.11) Levando em
conta que a distância aproximada entre a superfície da Lua e a superfície
terrestre é de 376 000 km e que o tamanho aparente (ou “diâmetro angular”) sob
o qual a lua é observada a olho nu de nossa superfície é de 0,5 grau, estime a
área anterior em km2.
SUGESTÃO: o terminador, isto é, a linha que “divide o
claro e o escuro” na superfície lunar, se move ao longo do mês – que é,
aproximadamente, o intervalo de tempo entre uma lua cheia e a próxima. Ciente
disto, o professor pode desafiar os alunos a realizar a observação anterior
durante esse tempo de modo a permitir que estudem toda a superfície lunar
voltada para nosso planeta!
5º) Expectativa. Há várias expectativas em relação a esse experimento. Esperamos
que os alunos:
5.1) adquiram alguma noção do trabalho
imediatamente anterior ao processo propriamente dito de observação, isto é, o
trabalho de montagem do aparato experimental;
5.2) experimentem o que os primeiros observadores
(inclusive Galileu) experimentaram ao enxergar a superfície lunar através de um
telescópio, ainda que rudimentar;
5.3) reflitam no choque de ideias que os primeiros
observadores vivenciaram ao comparar a superfície lunar observada com o modelo
teórico aristotélico (etapa 4.04 do procedimento);
5.4) percebam que o processo de “medir”
envolve “medições indiretas” que mesclam
a modelagem matemática com a detecção direta (etapas 4.05 a 4.10);
5.5) finalmente, que os alunos percebam, uma vez
mais, que usaram o método científico para estudar a natureza.
domingo, 22 de junho de 2014
As Marés
Por Eduardo Rocha, mestrando em Ensino de Astronomia, IAG/USP. Foi Monitor no Laboratório de Geologia Marina da Universidade Federal Fluminense. LAGEMAR/UFF.
As Marés são um dos processos mais conhecidos da humanidade e foram observadas por diferentes povos ao longo dos séculos. A subida e descida do nível das marés oceânicas é um processo universal e extremamente visível. Mas o que a grande maioria das pessoas desconhecem é que as Marés são resultados de fenômenos astronômicos, mas propriamente resultado da combinação das forças gravitacionais do Sol e da Lua agindo sobre a Terra.
“Sea Change” é o nome da série de imagens do britânico Michael Marten. Ele fotografou mudanças da maré pela costa da Inglaterra. O trabalho demorou oito anos para ser concluído. Michael fazia as imagens do mesmo ângulo (elas eram clicadas com 6 a 18 horas de diferença). Colocando as fotos lado a lado, ele quis mostrar diferentes estados na natureza. E quis chamar atenção para as forças astronômicas que regem o planeta.
O Grande Telescópio Europeu
Por Eduardo Rocha, mestrando em Ensino de Astronomia, IAG/USP.
http://www.meteoweb.eu/2014/06/cile-via-costruzione-grande-telescopio-mondo/292537/
Muitas vezes as traduções não resultam em nomes práticos em português.
Mas o Telescópio Europeu Extremamente Largo será o maior “olho do mundo”
direcionado para o céu e é um dos projetos astronômicos mais ambiciosos da
atualidade. Os telescópios de enorme dimensão são vistos a nível mundial como
uma das maiores prioridades da astronomia feita a partir do solo. Eles irão
proporcionar um enorme avanço do conhecimento na astrofísica em áreas como, o
estudo detalhado de planetas extrassolares, buracos negros e a natureza e
distribuição da matéria e energia escura, que dominam o Universo.
Ele será um telescópio terrestre
planejado para
a faixa óptico / infravermelho próximo e construído pelo Observatório Europeu do Sul (ESO)
no topo do Cerro Amazones no deserto do Atacama,
no norte do Chile. O projeto conta
com um telescópio refletor com um diâmetro de 39,3 metros de espelho primário,
um espelho secundário 4,2 metros de diâmetro, e será apoiado por ótica adaptativa.
Em 11 de junho de 2012, o Conselho do ESO aprovou o programa E-ELT para começar
a construção do telescópio. As
obras no local do E-ELT, começaram em junho de 2014. Espera-se permitir que os astrônomos sondem os primeiros
estágios da formação de sistemas planetários e que possam detectar água e
moléculas orgânicas em discos protoplanetários em torno de estrelas em
formação.
Desde o final de 2005
que o ESO, em conjunto com a comunidade europeia de astrônomos e astrofísicos
que utilizam os seus telescópios, estavam definindo o novo telescópio gigante, que
será um instrumento necessário para a próxima década. Centenas de astrônomos de
todos os países europeus encontravam-se envolvidos neste projeto, ajudando o
Gabinete de Projetos do ESO a produzir o novo conceito, no qual o desempenho,
custos, cronograma e riscos envolvidos foram cuidadosamente avaliados.Desde então, conhecido
como E-ELT, sigla para European Extremely Large Telescope, (em tradução livre
Telescópio Europeu Extremamente Largo) este novo telescópio terrestre
revolucionário terá um espelho primário de cerca de quase 40 metros de diâmetro
e será o maior telescópio óptico / infravermelho do mundo.
O E-ELT abordará os maiores desafios científicos do nosso tempo e
será pioneiro num vasto número de assuntos, incluindo a procura de planetas extrassolares,
semelhantes a Terra, que orbitem na chamada zona de habitabilidade, zona onde
será possível a existência de vida. Efetuará igualmente "arqueologia
estelar" em galáxias próximas, e dará contribuições fundamentais à
cosmologia, medindo as propriedades das primeiras estrelas e galáxias e
tentando desvendar a natureza da matéria escura e da energia escura. Para além
de tudo isto, os astrônomos esperam ainda desvendar novas questões que irão
certamente aparecendo com as novas descobertas do E-ELT.
Fonte: http://www.eso.org/public/
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Um Roteiro Simples Para a Observação do Céu
Por Eduardo Rocha, MPEA/IAG/USP.
A Astronomia, por sua universalidade e por seu caráter inerentemente
interdisciplinar, é de fundamental importância para uma formação minimamente
aceitável do indivíduo e cidadão do mundo atual – intrínseca e profundamente
dependente da ciência e das tecnologias. Muitos professores da educação básica evitam trabalhar com temas astronômicos por desconhecerem os conteúdos básicos referentes ao ensino de Astronomia ou por falta de atividades prática que possam consolidar o que foi aprendido pelo aluno no campo das ciências astronômicas. Para isso preparamos um roteiro bem simples que pode ser trabalhado com alunos do ensino fundamental.
Público
Alvo: Escola, alunos do 6ª ano do
Ensino Fundamental.
Disciplinas
Envolvidas: Geografia e Ciências
Objetivos: Observar os mares da Lua e
entender a relação entre suas características e a sua formação. Entender também
a influência da Lua sobre as marés da Terra.
Instrumentos: ETX MEADE 90 Maksutov-Cassegrain, Mapa da Lua.
Providências: Verificar em programas de
Mapas Celestes a posição da Lua favorável à observação para o horário que os
seus alunos possam comparecer.
Procedimento: Antes de apresentar aos
alunos as questões que eles irão responder, seria bom fazer um levantamento das
ideias prévias de cada um em relação ao satélite natural.
1. A Lua pode influência o planeta Terra? E
vice e versa?
2.
Você consegue distinguir tipos diferentes de
superfície na Lua?
3.
Cite os aspectos de cada um desses dois tipos de
superfície.
4.
Como a formação da Lua está relacionada com esses
aspectos?
Apontar o
telescópio para parte que contenha dentro do campo de visão, uma região de um
mar lunar e outra região do solo lunar ao mesmo tempo. Se não for possível,
mesmo utilizando uma ocular de pouco aumento, faça duas observações, uma para
cada região. Deixe que cada aluno observe através do telescópio por cerca de 1 minuto.
Resultado esperado: Espera-se que o aluno
perceba claramente as diferenças entre os mares lunares e as regiões mais
antigas da Lua. Sendo as principais diferenças: mares são mais escuros, mais
lisos, com menos crateras e parecem ser as regiões mais baixas do relevo lunar,
ou seja, típico de grandes derramamentos basálticos.
Interdisciplinaridade: Além das disciplinas
Ciências e Geografia, pode-se também trabalhar em parceria a disciplina
História, abordando o avanço no estudo da Lua em decorrência da disputa entre
EUA e URSS no período conhecido como guerra fria. Em Português poderia ser
desenvolvido um texto destacando a importância do desenvolvimento da Astronomia
para o avanço da humanidade.
terça-feira, 10 de junho de 2014
A Astronomia como motivadora para o ensino de Física no Ensino Médio
Nosso maior desafio como professores de Física do Ensino Médio é tornar a disciplina atraente aos olhos dos alunos. Mas como realizar esta tarefa e competir com toda a tecnologia disponível hoje em dia? Vamos discutir uma ferramenta que pode tornar o ensino de Física mais significativo e atrativo.... Vamos dar vida à Física....
A necessidade do ser humano de se conhecer, conhecer o mundo que o cerca e ser capaz de agir conscientemente sobre este mundo, torna o ensino de ciências imprescindível. Neste contexto o ensino de Física ganha importância como um agente determinante para formação de novos cientistas. Predomina, então, a necessidade de aproximar o estudante do ensino médio das disciplinas envolvidas na evolução científica. Durante sua vida, os alunos constroem suas concepções sobre o funcionamento do mundo, baseados em suas experiências diárias. O papel do educador é identificar as possíveis lacunas/equívocos existentes neste conhecimento empírico, e auxiliar em sua remodelação/reconstrução, de modo a torná-lo coerente com o conhecimento cientificamente aceito. Atividades práticas tornam-se uma ferramenta muito útil para comprovar ou criar uma dúvida sobre os pré-conceitos acerca do assunto que demonstram, neste momento o professor tem a possibilidade de apresentar uma nova perspectiva, gerar dúvidas, mediar discussões e sintetizar novas conclusões sobre o assunto. A possibilidade de interagir com o fenômeno torna a Física mais próxima do estudante, diminuindo a aversão que a maioria tem da disciplina, e demonstrando que este não é um conhecimento a parte de nossas vidas, mas determinante para a evolução de nossa sociedade nas diferentes áreas de atuação humana.
Fonte: http://www.consecti.org.br/destaques/didatica-inclusiva-ensino-fisica/
Uma destas áreas é a Astronomia, que por si só atrai a atenção dos alunos, tornando-se útil como ferramenta para a abordagem de conceitos físicos, contextualizando e dando utilidade aos conhecimentos adquiridos.
Fonte: http://www.astronomiaqui.com/2012/10/astronomia-na-juventude_20.html
Com base nisso, a Astronomia tem um
papel muito importante por tratar-se de um campo do conhecimento humano que
desperta grande curiosidade por parte dos alunos do Ensino Médio. Com base nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, o ensino de Física, em nível médio deve
ocorrer de modo que:
“...contribua
para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a
interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e
dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria
natureza em transformação. Para tanto, é essencial que o conhecimento físico
seja explicitado como um processo histórico, objeto de contínua transformação e
associado às outras formas de expressão e produção humanas. É necessário também
que essa cultura em Física inclua a compreensão do conjunto de equipamentos e
procedimentos, técnicos ou tecnológicos, do cotidiano doméstico, social e
profissional.”
Mas
como utilizar os conceitos de Astronomia em sala de aula?
Fonte: http://www.telescopiosnaescola.pro.br/argus/escolas.php
Uma
ferramenta muito interessante é o Projeto Educacional Telescópio na Escola (TNE).
Tem como objetivo principal “o
ensino em ciências utilizando telescópios robóticos para a obtenção de imagens
dos astros em tempo real”.
Fonte: http://www.telescopiosnaescola.pro.br/
O Projeto possui atividades pré-elaboradas para serem utilizadas em sala de aula, o que não impede o professor de criar sua própria atividade. Na página do TNE o professor terá acesso às atividades disponíveis e aos telescópios que poderão ser utilizados.
Com o projeto a ser desenvolvido em mente, é hora de escolher qual dos telescópios será utilizado e verificar qual o horário disponível, para isso é só visitar a página de cada um dos telescópios participantes e agendar a utilização:
- Telescópio Robótico Argus - Valinhos/SP (IAG-USP)
- Miniobservatório Astronômico - São José dos Campos/SP (INPE)
- Clube de Astronomia e Observatório Astronômico Didático Capitão Parobé - Porto Alegre/RS (CMPA)
- Observatório da UFSC - Florianópolis/SC (UFSC)
- AstroUEPG - Ponta Grossa/PR (UEPG)
- Galactus - Natal/RN (UFRN)
Visitem a página do TNE.....e deixem a Astronomia tomar conta das suas aulas de Física....
Aos que já utilizaram, ou utilizarão, esta ferramenta em suas aulas, mesmo em outras disciplinas, se possível, deixem suas impressões, comentários ou sugestões de utilização.
Profª. Clélia Scalon de Medeiros
MPEA - IAG/USP
domingo, 8 de junho de 2014
HEXÁGONO DE SATURNO
PAULO LEME
Esta imagem animada mostra o hexágono de Saturno, um padrão persistente de nuvens em torno do pólo norte do planeta, localizado a cerca de 78° N. Os lados do hexágono medem aproximadamente 13.800 quilômetros, portanto maior que o diâmetro da Terra. Ele gira com um período de 10h 39m 24s, o mesmo período que as emissões de rádio que o interior de Saturno emite. Entretanto, o hexágono não se desloca em longitude como outras nuvens na atmosfera visível.
A animação foi realizada com imagens na região do infravermelho (5um) da missão Cassini da NASA, cobrindo 2 horas e 45 minutos, do tempo real, mas mostrada acelerada aqui. Essas nuvens são compostas de partículas relativamente grandes e espessas, bloqueando a luz, aparecendo portanto escuras.
A animação foi realizada com imagens na região do infravermelho (5um) da missão Cassini da NASA, cobrindo 2 horas e 45 minutos, do tempo real, mas mostrada acelerada aqui. Essas nuvens são compostas de partículas relativamente grandes e espessas, bloqueando a luz, aparecendo portanto escuras.
- Crédito da imagem:
- NASA/JPL-Caltech/University of Arizona
sábado, 7 de junho de 2014
VOYAGER - MISSÃO INTERESTELAR
PAULO LEME
Há 25 anos, em 5 de junho, a sonda espacial Voyager 2 aproximou-se o suficiente de Netuno (117 milhões km) e passou a monitorar regularmente as atividades na atmosfera do planeta. Essa fase de observação foi significativa porque marcou o início da última escala planetária da Voyager 2 após uma viagem de doze anos através do sistema solar exterior.

Conforme se aproximava de Netuno, a Voyager 2 enviava
imagens de resolução cada vez maiores da Grande Mancha Escura e de uma
estrutura esbranquiçada menor conhecida como Scooter, mostradas aqui a apenas 7
milhões km de distância. Até hoje não se conhece a natureza desses padrões. Há
uma hipótese de que a mancha negra seja um “buraco”, uma descontinuidade nas camadas
externas do planeta.
Lançadas há 37 anos, em 1977, a Voyager 2 visitou Júpiter em
1979, Saturno em 1981 e Urano em 1986. O objetivo original da missão das naves
espaciais gêmeas Voyager 1 e Voyager 2 era a exploração dos planetas Júpiter e
Saturno. Após realizar uma série de descobertas a missão foi estendida, tirando
proveito dos planetas exteriores Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estarem alinhados
no mesmo lado do Sol, fato que ocorre a cada 176 anos. A Voyager 2 continuou para explorar Urano e
Netuno e, até hoje, é a única espaçonave a ter visitado estes planetas.
A Voyager 2 poderia ter prosseguido sua viagem em direção a
Plutão mas foi decidido um desvio de sua rota para que fizesse uma passagem (“flyby”)
pela vizinhança da lua de Saturno, Tritão, pois teria melhor valor científico com
resultados mais imediatos.
Por duas vezes a nave teve problemas de sobrecarga com seu
computador de bordo e teve que reiniciá-lo enquanto ela encerrava toda
comunicação com a Terra por mais de uma hora. Nesse processo, seus sensores
tiveram que buscar uma reorientação localizando o Sol e restabelecendo então a
comunicação com o controle da NASA. Tenha-se em mente a complexidade desse
procedimento uma vez que, devido à enorme distância, os sinais de rádio levam
horas para a comunicação em ambos os sentidos. Além disso, para garantir a
segurança todos os sistemas lógicos são redundantes evitando-se assim perda de
informações devido a mal funcionamento de alguma parte do todo.
A Voyager 1 realizou uma série de novas descobertas sobre
Júpiter inclusive seus anéis, observou a natureza da sua grande mancha vermelha
como um enorme furacão movendo-se no sentido anti-horário e uma formação de
tempestades e turbilhões de nuvens movimentando-se em faixas em sentido contrário.
Descobriu também diversos satélites menores.
Mas a descoberta de atividade vulcânica na lua Io foi o maior achado inesperado da missão. Pela primeira vez um vulcão ativo foi observado em um corpo celeste que não
seja a Terra. Juntas, as
Voyagers registraram a erupção de nove vulcões em Io.
Fotos de alta resolução da lua Europa de Júpiter, tomadas pela Voyager 2, deixaram os cientistas intrigados pela falta quase total de relevo
topográfico. Esse fato é indicativo de que essas rachaduras podem ser
semelhantes a blocos de gelo na terra, e que Europa tem um interior de água
líquida. A lua pode ser internamente ativa devido ao aquecimento pelo fenômeno
de marés e, em consequência, tem uma crosta com cerda de 30 km espessura de
gelo de água, possivelmente flutuando em um oceano com 50 km de profundidade.
As longas vidas das Voyagers devem-se principalmente às suas
fontes de energia. São geradores que utilizam o radioisótopo plutônio-238 como
fonte de calor que é convertido em eletricidade por meio de pares termoelétricos.
Estima-se que os geradores deverão durar ao menos até o ano de 2020.
Em agosto de 2012, a Voyager 1 fez a entrada histórica no
espaço interestelar, que contém material ejetado pela morte de estrelas
próximas há milhões de anos. Os cientistas esperam aprender mais sobre esta
região, quando a Voyager 2, adentrar a "heliosheath" (bainha solar).
Esta é a região mais externa, depois da heliosfera, onde o vento solar é
desacelerado pela pressão do meio interestelar formado por hélio e hidrogênio
que permeia nossa galáxia.
Atualmente as Voyagers 1 e 2 estão respectivamente a 127 e
104 UA (Unidades Astronômica – distância da Terra ao Sol) e seus sinais de
rádio demoram 17 e 14 horas para chegar até a nós.
Ambas as naves espaciais continuam enviando informações
científicas em seu percurso. Existem atualmente cinco equipes de investigação científica
participando na missão interestelar nos tópicos: campo magnético, partículas carregadas
de baixa energia, raios cósmicos, plasma (Voyager 2 somente) e ondas de plasma.
Referências
Astronomy Cast –
Podcasts semanais sobre astronomia publicados por Fraser Cain (Universe Today)
and Dr. Pamela L. Gay (Southern Illinois University) - www.astronomycast.com
Wikipedia, the Free Encyclopedia
– Temas: Voyager 1, Voyager 2, Exploration of Jupiter, Space Probe, Heliosphere
-
http://en.wikipedia.org
Jet Propulsion
Laboratory - Voyager, the
Insterstallar Mission - http://voyager.jpl.nasa.gov
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