sábado, 7 de junho de 2014

VOYAGER - MISSÃO INTERESTELAR





PAULO LEME


Há 25 anos, em 5 de junho, a sonda espacial Voyager 2 aproximou-se o suficiente de Netuno (117 milhões km) e passou a monitorar regularmente as atividades na atmosfera do planeta. Essa fase de observação foi significativa porque marcou o início da última escala planetária da Voyager 2 após uma viagem de doze anos através do sistema solar exterior.
  
 

 Conforme se aproximava de Netuno, a Voyager 2 enviava imagens de resolução cada vez maiores da Grande Mancha Escura e de uma estrutura esbranquiçada menor conhecida como Scooter, mostradas aqui a apenas 7 milhões km de distância. Até hoje não se conhece a natureza desses padrões. Há uma hipótese de que a mancha negra seja um “buraco”, uma descontinuidade nas camadas externas do planeta.  

Lançadas há 37 anos, em 1977, a Voyager 2 visitou Júpiter em 1979, Saturno em 1981 e Urano em 1986. O objetivo original da missão das naves espaciais gêmeas Voyager 1 e Voyager 2 era a exploração dos planetas Júpiter e Saturno. Após realizar uma série de descobertas a missão foi estendida, tirando proveito dos planetas exteriores Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estarem alinhados no mesmo lado do Sol, fato que ocorre a cada 176 anos.  A Voyager 2 continuou para explorar Urano e Netuno e, até hoje, é a única espaçonave a ter visitado estes planetas.

 
A Voyager 2 poderia ter prosseguido sua viagem em direção a Plutão mas foi decidido um desvio de sua rota para que fizesse uma passagem (“flyby”) pela vizinhança da lua de Saturno, Tritão, pois teria melhor valor científico com resultados mais imediatos.




Por duas vezes a nave teve problemas de sobrecarga com seu computador de bordo e teve que reiniciá-lo enquanto ela encerrava toda comunicação com a Terra por mais de uma hora. Nesse processo, seus sensores tiveram que buscar uma reorientação localizando o Sol e restabelecendo então a comunicação com o controle da NASA. Tenha-se em mente a complexidade desse procedimento uma vez que, devido à enorme distância, os sinais de rádio levam horas para a comunicação em ambos os sentidos. Além disso, para garantir a segurança todos os sistemas lógicos são redundantes evitando-se assim perda de informações devido a mal funcionamento de alguma parte do todo.


A Voyager 1 realizou uma série de novas descobertas sobre Júpiter inclusive seus anéis, observou a natureza da sua grande mancha vermelha como um enorme furacão movendo-se no sentido anti-horário e uma formação de tempestades e turbilhões de nuvens movimentando-se em faixas em sentido contrário. Descobriu também diversos satélites menores. 


Mas a descoberta de atividade vulcânica na lua Io foi o maior achado inesperado da missão. Pela primeira vez um vulcão ativo foi observado em um corpo celeste que não seja a Terra. Juntas, as Voyagers registraram a erupção de nove vulcões em Io


Fotos de alta resolução da lua Europa de Júpiter, tomadas pela Voyager 2, deixaram os cientistas intrigados pela falta quase total de relevo topográfico. Esse fato é indicativo de que essas rachaduras podem ser semelhantes a blocos de gelo na terra, e que Europa tem um interior de água líquida. A lua pode ser internamente ativa devido ao aquecimento pelo fenômeno de marés e, em consequência, tem uma crosta com cerda de 30 km espessura de gelo de água, possivelmente flutuando em um oceano com 50 km de profundidade.


As longas vidas das Voyagers devem-se principalmente às suas fontes de energia. São geradores que utilizam o radioisótopo plutônio-238 como fonte de calor que é convertido em eletricidade por meio de pares termoelétricos. Estima-se que os geradores deverão durar ao menos até o ano de 2020.


Em agosto de 2012, a Voyager 1 fez a entrada histórica no espaço interestelar, que contém material ejetado pela morte de estrelas próximas há milhões de anos. Os cientistas esperam aprender mais sobre esta região, quando a Voyager 2, adentrar a "heliosheath" (bainha solar). Esta é a região mais externa, depois da heliosfera, onde o vento solar é desacelerado pela pressão do meio interestelar formado por hélio e hidrogênio que permeia nossa galáxia. 

Atualmente as Voyagers 1 e 2 estão respectivamente a 127 e 104 UA (Unidades Astronômica – distância da Terra ao Sol) e seus sinais de rádio demoram 17 e 14 horas para chegar até a nós. 




Ambas as naves espaciais continuam enviando informações científicas em seu percurso. Existem atualmente cinco equipes de investigação científica participando na missão interestelar nos tópicos: campo magnético, partículas carregadas de baixa energia, raios cósmicos, plasma (Voyager 2 somente) e ondas de plasma.


Referências

Astronomy Cast – Podcasts semanais sobre astronomia publicados por Fraser Cain (Universe Today) and Dr. Pamela L. Gay (Southern Illinois University) - www.astronomycast.com

Wikipedia, the Free Encyclopedia – Temas: Voyager 1, Voyager 2, Exploration of Jupiter, Space Probe, Heliosphere  -  http://en.wikipedia.org

Jet Propulsion Laboratory -  Voyager, the Insterstallar Mission - http://voyager.jpl.nasa.gov
 


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